segunda-feira, 29 de junho de 2009

Humanos (vs.24; 1Test.24)


Não, não sei. Talvez eu seja o próprio pecado, não é? Talvez eu goste de ser tratado assim, como um estorvo social, alguém de patente extremamente inferior, que não mereça respeito. Um terrível ser de vestes características, gesticulação característica, fala característica. Aquele chiado derrapado no ''ch'' das palavras, como chiclete, é extremamente engraçado não?
Não, melhor dizendo, eu sou a graça em pessoa, prazer. E talvez por isso eu goste de ser tratado dessa maneira. Faço as pessoas rirem, e até me esqueço do caos social que é tudo isso. Pra você não, pra você não tem caos nenhum. Sou uma figura inválida, desprovida de pudor, ou qualquer tipo de vergonha - sou um sem-vergonha: meu pai já dizia.
Pois esse sem-vergonha dá a cara a tapa quando se fala em assuntos da vida, diferente de muita gentinha ai que só mostra aparência, como aquela gentalha que tem uma Hilux nova a cada ano, e a conta de luz atrasada em casa. Minha conta também vive atrasada, mas pelo menos eu não preciso negar isso. É, pronto! Talvez seja essa a pilha que existe em vocês contra nós não é? A sinceridade. Não a sinceridade supérfula, mas a sinceridade interna sabe? A sinceridade mais sincera que alguém pode dar a sí mesmo. Vocês são um bando de renegados.
Eu aqui me glorificando como se estivesse um passo à frente de vocês, como se conhecesse algo a mais. Não, não conheço nada. A única diferença é que sou cego somente de um olho, vocês não veem merda nenhuma. Calma, calma, não precisa se exaltar, já estou de saída. Sua benção, padre. Padre, sua benção.

4 comentários:

Eduardo Espíndola disse...

A sinceridade. Exatamente =]

venturas&desventuras disse...

e a sinceridade sempre é gratuita.já aconsideração não...

A cinza das Horas disse...

moço tua escrita me causa sensações.

Honório Félix disse...

Escrito com força.