domingo, 17 de maio de 2009

Vegetal Natural

Era explendorosa perante as outras flores daquele jardim, embora estivesse escondida. Uma espécie rara, talvez nunca antes avistada por ninguém, se encontrava presente em frente a um prédio muito alto, na zona sul de uma grande cidade.
De caule curto, pétalas alongadas e cor verde (nos seus mais variados tons), o ser vivo se mostrava excêntrico e meigo, e era essa contradição que o deixava mais belo. Tinha o aroma desconhecido que sempre sonhamos em sentir, aquele aroma inconfundível que nunca experimentamos - aquele mesmo. Era orvalhada, a flor. Não era, esse orvalho, proveniente do tempo, ou da chuva. Ele brotava do interior dela, do lado de dentro do fundo, de onde talvez também viesse o aroma.
E, escondido, o vegetal crescia muito devagar, se fazendo cada vez mais bonito - e talvez por estar escondido do olho de qualquer ser vivo é que se fazia mais bonito ainda. Uma beleza sincera, então. Uma beleza parecida com aquelas que nós, seres humanos, vemos só de vez em quando, caminhando numa rua curta de janelas com flores, ou vendo o sorriso de um bebê, ou batendo a massa de um bolo, ou.
A flor! Crescia encantada, naquele terreno de jardim, fabricado para a frente de um prédio muito alto, na zona sul de uma grande cidade. Ela, em sua maravilha natural, projetava para o mundo tudo aquilo que uma planta precisa para se enquadrar num ecossistema. Cor verde, aroma inconfundível, orvalho brotado de seu interior, atração. Sendo assim, veio então um menino vestindo uma camisa verde e avistou a flor. Deslumbramento espontâneo.
O ser arrancou a flor pela raiz, e a plantou novamente, no seu umbigo.

Jesuíta Barbosa

2 comentários:

Fernanda Estevam disse...

Belo texto... e eu assisti a pessi a 'astigmatismo' muito boa mesmo ^^
beijo.

Daniel Pizamiglio disse...

O ser arrancou a flor pela raiz, e a plantou novamente, no seu umbigo.
encatamento
para se confundir com o outro
o mais importante