
O homem tira a planta viva
Dentre a vegetação morta.
O menino, da morte se esquiva
Engolindo de boca torta
Como obrigação para a vida
A planta que o homem corta.
A fêmea entrega o seio
Que nada de leite há
Em desvelo à sua cria
Que põe a boca a sugar.
Em meio à poeira
E em trapos suados,
A família beira
Caminhando calados
[A morte
Que de lenta maneira
Aproxima-se...
A seca mãe pobre
Que em seco lugar caminha
Sem ter um destino nobre,
A cria do meio aninha
E com olhar aflito
Vê que a filha definha.
Vendo a cena da morte
Debaixo d'um juazeiro,
[o sertanejo,
De nexo com a sorte,
Vê em breve janeiro
Melhor vida ao porte
Que traz cansado e lento.
Chama então o resto vivo
Pra caminho árido seguir
E deixa a natureza agir
Em meio à triste situação.
Ganhando a pouca carne
O pássaro pisa o corpo
Comendo e roendo osso
Da menina deitada ao chão.
A triste realidade
Não foi vista pelo resto,
Que em pouca velocidade
Demanda futuro honesto.
O vaqueiro nordestino
De mão e pé calejado
Sonha com melhor
[destino
Olhando prum céu rajado
De nuvem grandes e espessas.
Enquanto de longe aguarda
Um bicho preto-alado.
Jesuíta Barbosa
[Poesia fabricada por mim, em 2007, para o 10º festival Master de poesia.]
Um comentário:
Essa poesia diz muito com simples palavras sobre o povo nordestino, muito bem elaborada e afiada...
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